COMENTARISTA: Regia Carvalho
ENFOQUE BÍBLICO:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.”
OBJETIVOS:
Conceituar o termo coração sob a perspectiva bíblico-teologica.
Conceituar o termo coração sob a perspectiva bíblico-teologica.
Explicar o porquê o
coração é enganoso.
Expor as maneiras pelas
quais podemos limpar o coração.
INTRODUÇÃO:
Neil T. Anderson disse que os
pensamentos desenfreados são como um trem sem freios. E isso com certeza levam
a desejos incontroláveis, ele conta de uma pessoa que estava fazendo regime
para emagrecer, que resolveu dar uma volta, mas com propósito de não passar
perto de supermercado, caminhando, caminhando ela resolveu passar perto do
supermercado, mas não entrar. Momentos depois já a porta do supermercado pensou
vou entrar, mas ficarei longe das guloseimas, depois pensou vou olhar, mas não
vou tocá-las, bem vou mexer nas guloseimas, mas não comprarei nenhuma,
comprarei, mas não abrirei, abro, mas não cheiro, cheiro, mas não provo, provo,
mas não como, como, como, como. (Vitoria sobre a escuridão pg 152). Bem a
ilustração serve para nos ensinar o seguinte, a nossa vitoria esta no primeiro
momento, naquele olhar da coincidência, nossa relação com o pecado termina
nesse momento. O rei Davi viu uma mulher tomando banho, nada demais, o problema
foi à seqüência (2Sm 11.1-4; 12.1-12)
I - O QUE É DESEJO?
O dicionário define desejo como: ato de
desejar; cobiça; apetite; aspiração (Globo). Portanto desejar é querer,
apetecer, ambicionar, ter gosto, vontade (1Cr 11.17). Podemos classificar três
tipos de pessoas, analisando pelo desejo ou vontade.
- Os
naturais – são aqueles que querem levar uma vida independente de Deus,
lutam com sentimentos de inferioridade, inutilidade, culpa preocupação e
duvidas. Suas mentes carregadas de pensamentos obsessivos, seu emocional
cheio de ressentimentos, ansiedades são depressivos. Espiritualmente estão
mortos (Ef 2.1-3), à vontade ou o desejo deles é andar segundo a carne (Gl
5.16 -18).
- Os
espirituais – esse foi transformado e agora é moradia do Espírito Santo,
quanto a carne crucificada com Cristo (Rm 8.8), seu corpo é Templo do
Espírito Santo (1Co 6.19), sua mente é transformada (Rm 12.2). Suas
emoções são paz e alegria (Cl 3.15; Fp 4.4), sua vontade é o viver cheio
do Espírito (Gl 5.16-18; Sl 84.2).
- O
carnal – são aqueles que estão na igreja, mas seus desejos são carnais,
são de emoções instáveis, mente dupla, pessoas de vida espirituais
apagadas, raramente andam segundo o Espírito, seus desejos são
freqüentemente os da carne. (Nm 11.4,33,34)
(Vitoria Sobre a Escuridão pgs 81 a 86)
Alguns Salmos deixam bem claros a
agonia da alma em momentos difíceis como também a alegria. O Salmo 42, por
exemplo, fala do anseio da alma por servir a Deus no templo, já o 13, Davi esta
ansioso para sair de uma situação de extrema tristeza. Alguns outros lembram
momentos de felicidades como o salmo 126, desejos que podem ser expressos em nossos
corações tanto o de querer sair de uma situação, quanto o de alegria por uma
benção recebida. (Sl 37.4)
II - CORAÇÃO NA PERSPECTIVA TEOLOGICA.
Que resposta você daria caso um de seus
alunos pergunte: “Professor (a), é verdade que Deus quer apenas o nosso
coração?” Bem outro poderia ir mais além e perguntar sobre o transplante de
coração, na sua curiosidade ele gostaria de saber: quando o receptor acorda da
anestesia, porque os desejos não são do doador?
Qual seria a sua resposta? Durante
muitos anos ouvi uma resposta abaladora para a primeira pergunta: Deus não é
açougueiro, outras vezes a resposta foi: lá no céu não tem açougue. Já a
segunda pergunta é deixada no campo dos mistérios, pouca gente tem coragem de
explicá-la.
Explicar o que é o coração em linguagem
cientifica para muitos será fácil, temos professores ligados à área da biologia
e alem do mais temos boas enciclopédias, slides, fotos que poderão ser
mostrados nas classes, mostrando assim o funcionamento do coração. Mas a
palavra como está na Bíblia em algumas passagens, mostram que não esta falando
desse músculo de carne. Portanto as respostas acima é apenas uma porta de
escape, podemos explicar que do coração procede às saídas da vida (Pv 4.23 –
tato, paladar,olfato,visão e audição – as cinco avenidas que nos leva ao mundo
exterior, por esses sentidos nos relacionamos com a exterioridade). Esse texto
muito bem entendido pelos judeus, no Oriente Próximo o coração era considerado
a sede do intelecto (Pv 14.33).
Era a fonte da estabilidade para quem
quisesse ter uma vida justa e sabia (1Rs 3.5-9). Logo entendemos que o músculo
que bombeia o nosso sangue, é de carne, pode ser transplantado, pode adoecer
como qualquer outra parte do corpo (Sl 45.5; 139). Mas ele é o representante da
alma e às vezes a Bíblia o menciona como sendo o homem na sua tricotomia, então
quando falamos do coração, devemos ter em mente que para o judaísmo ele é a
sede do intelecto. Deus quer apenas o coração? Se conseguirmos fazer essa
entrega, estamos nos disponibilizando totalmente ao nosso Criador (Sl 119.2,7,
10, 11, 32, 34, 36, 58, 69, 112), esses e tantos outros versículos estão se
referindo ao intelecto, ao homem na sua totalidade, não ao órgão apenas, ele é
citado como o representante da alma.
O apostolo Pedro da uma importante
recomendação “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso
coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15 - RC) as
nossas respostas devem ser racional, para que os alunos ou quem nos perguntam
saibam com quem eles estão falando.
Ao respondermos que Deus não é
açougueiro, no céu não tem açougue e no caso de transplantes respondermos: seja
isso lá com Deus? Estamos com isso nos colocando no campo da ignorância. Mas,
ao explicar o que é coração no sentido teológico e no sentido biológico,
conseguiremos mostrar ao interessado ou zombador, que o coração entregue a
Cristo e é isso que ele pede, significa que estamos colocando em suas mãos os
nossos desejos, conseguiremos assim sermos melhores, assíduos aos cultos,
dizímistas, obedientes a Palavra etc..
III - PORQUE O CORAÇÃO NOS ENGANA
A nova vida em Cristo, não nos permite
viver no pecado, todavia somos traídos pelos nossos desejos a praticar as coisas
de antes. Neil T. Anderson faz uma comparação interessante, ele foi soldado da
Marinha e durante alguns anos ele teve um comandante arrogante e mau, num
determinado dia o velho capitão foi transferido e um novo comandante chegou;
diz ele que durante um bom tempo agiu com insegurança, pois tudo o que ele
sabia tinha apreendido com o velho capitão e o novo era totalmente diferente,
conforme ele foi conhecendo o novo comandante, compreendeu não tratar de um
tirano como o anterior, a intenção do novo não era dificultar suas vidas e sim
ajudá-los.
Assim era a nossa vida anteriormente, o
comandante era Satanás, um comandante mau, egoísta, tinha por objetivo acabar
com nossas vidas. Fomos transferidos para a caravana da graça, o comandante é
Cristo (Cl 1.13), já não somos mais guiados pelo velho, mas porque pecamos?
Porque continuamos com alguns hábitos da antiga caravana? É que o velho nos
treinou nos condicionou a suas ações, aos seus padrões de pensamentos.
Precisamos fazer uma distinção cuidadosa, voltando ao nosso primeiro ponto
sobre o homem carnal, espiritual e natural, da então para perceber que há um
processo chamado santificação, quanto a nos tirar da caravana de Satanás, foi
serviço de Deus, agora deixar os hábitos antigos a responsabilidade é nossa (Rm
8.12) (Vitoria sobre a escuridão pgs 72 a 74)
O apostolo Paulo fala do conflito que
há entre a graça e a corrupção (Rm 7.14 -25; Gl 5. 17), vez por outra ele se
via traído, pelo seu desejo, queria agir de um jeito e agia de outro.
- Paulo
se considera carnal vendido ao pecado (Rm 7.14) – ele esta se referindo ao
pecado de Adão, devido a isso fomos gerados em pecado e nascemos como um
escravo pobre que nasce na casa de um senhor de escravos, ele não queria
nascer ali, mas nasceu logo o senhor dos escravos tem poder sobre ele.
- Vivia
numa constante luta (Rm 7.15) – os sentidos que nos coloca ao exterior
está corrompidos, a corrupção é tão forte que Paulo, lutava para alcançar
a perfeição e se via longe dela, quanto mais ele lutava para
santificar-se, mais a sua natureza o arrastava para outro lado.
- Ele
se via como um purulento (Rm 7.18) – com a velha natureza ao lado não
deixa o homem cumprir um bom dever.
- Mas
vejo em meus membros outra lei (Rm 7.23) - uma lei que controla e reprimem
os bons impulsos, a parte não regenerada trabalha incessantemente contra a
porcentagem regenerada.
- A
lamentação do apostolo (Rm 7.24) – Paulo lamenta ter que viver aqui nesse
corpo de carne, um corpo mortal e agonizante.
Enquanto aqui vivermos, seremos traídos
pelo nosso coração. Não é só na vida espiritual, a vida amorosa, por exemplo,
algumas pessoas sofrem fortes golpes com isso, quem não conhece entre os
adolescentes alguém que cultiva uma cega paixão, todos estão vendo, somente o
apaixonado está cego e sendo enganado pelo seu coração. Alguns conseguem em
tempo oportuno abrir os olhos e enxergar, outros permanecem no engano e só
conseguem num momento tardio perceberem.
Como é triste ver alguém sendo levado
por uma paixão cega, conheci um moço que se apaixonou de tal maneira que ficou
desiludido da vida quando a moça que ele gostava casou-se com outro, não queria
casar com mais ninguém. Tempos depois aquela moça pela qual ele era apaixonado
ficou livre do casamento e então se casaram, caso ele continuasse solteiro e
desiludido não teria conhecido tamanha desgraça. Portanto cuidado com o
coração, não se deixem levar pelos seus desejos.
IV - COMO LIMPAR O NOSSO CORAÇÃO?
O coração age como um recipiente recebe
e guarda o que nele colocamos, e a partir daí somos controlados pelo que há
nele (Mt 15.18). Como podemos sujar o nosso coração? (Mt 15.19)
- Maus
pensamentos – quem pode impedi-los? É o primeiro a agir em nossa natureza
pecaminosa, hospeda em nós sem pedir permissão gerando fantasia e
imaginações carnais, surgindo assim planos maldosos e maquinações maldosas
contra o nosso semelhante.
- Mortes
– a maldade no coração do homem faz com que ele tenha a coragem de atentar
contra a vida de seu próximo. Não é somente tirar á vida de alguém que o
trona homicida aquele que odeia a seu irmão já é considerado homicida por
desprezar a vida de alguém (1Jo 3.15)
- Adultérios
– um coração devasso, cheio de impurezas e carnalidade, é um caminho aberto
para a sensualidade e luxuria, antes do ato, primeiro precisam ser
tramados no coração. Jesus disse que basta o olhar impuro de um homem para
uma mulher, já pecou (Mt 5.28)
- Prostituição
– semelhante ao adultério, podemos falar aqui sobre a fornicação, algo
muito falado hoje na TV. Os não salvos não conhece prostituição como
pecados chamam-na de prazer, de necessidade do ser humano, direito,
profissão etc.. A Bíblia a chama de pecado, sujeira no coração.
- Furtos
– as trapaças, as injustiças, roubos e contratos ofensivos essas coisas
estão alojadas no coração avarento (2Pe 2.14; Sl 62.10)
- Falsos
testemunhos – esse pecado nasce numa combinação entre a falsidade e a
cobiça, ou falsidade e maldade, no coração. A falta de amor contribui
muito para o falso testemunho.
- Blasfêmias
- falar mal a respeito de Deus, falar mal do próximo. O desprezo para com
a Palavra de Deus, e para como nosso próximo. Blasfêmia é o
transbordamento da amargura interior
Essas coisas são algumas das que
contaminam o homem, deixando-o de alma feia. O coração cheio delas faz do homem
um impuro diante de Deus, sua fala, seus gestos e atitudes revelarão o que há
no coração. O salmista perguntou: “como purificará o mancebo seu
caminho?” ele esta perguntando de suas atitudes, diretrizes, os desejos do
coração, como limpar?
- Pela
Palavra – coloquem em um copo alguns elementos como pedaço de papel, pó de
café, farinha de trigo e um pouco de água depois misture. Você terá um
copo sujo, coloque-o em cima da pia e coloque nele água até transbordar,
um litro, dois ou mais, você percebera que a sujeira aos poucos
desaparecerá. Assim a Palavra de Deus faz, leia a Bíblia constantemente,
viva transbordando a Palavra, que as impurezas não permanecerão em seu
coração (Jo15.3,7; Sl119.11; Jo 17.17).
- Pelo
enchimento do Espírito – pelo fruto se conhece a arvore. Paulo usa essa
frase “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18) O verbo encher no grego:
- “pleroõ” –tornar cheio, encher ao
máximo, ser enchido, tornado cheio – no sentido de encher as coisas (uma casa,
uma rede etc..)
- “anapleroõ” – encher adequadamente,
completamente – no sentido de encher para cima
- “antanapleroõ” – encher por sua vez.
Ainda há outras palavras, mas em todas
elas, a idéia é não deixar espaço. Certa vez ouvi de um pregador a seguinte ilustração:
“os ônibus nas grandes cidades, quando a lotação esta exagerada o motorista
coloca uma placa com o seguinte dizer: “lotado”, quem esta no ponto já sabe que
não há lugar. Assim é o crente dizia o pregador, quando estão cheio de Deus,
eles podem andar pelas avenidas contaminadas de pecados nada lhes atingira,
Deus esta ocupando todo espaço da vida dele.”
“Mas o fruto do Espírito é:” (Gl 5.22)
Onde há o Amor não
há lugar para o Ódio
A Alegria não permite
que a Tristeza reine
A Paz elimina a Guerra
Havendo Longanimidade não
haverá Desespero
A Benignidade dissipa
a Malignidade
Havendo Bondade não
haverá lugar para a Maldade
A Fé faz fugir a Incredulidade
A Mansidão não dará
lugar ao Medo
E a Temperança não
permitirá que haja Desgoverno.
A recomendação Bíblica é: “fugi da
aparência do mal”, o forte desejo da carne está sempre dizendo: “isso parece
tão bom!” um forte desejo de gozar das coisas daqui. O segundo passo é o desejo
dos olhos que nunca se satisfazem, estão sempre dizendo: “isso parece tão
bonito!” Salomão disse: “O Sheol e a Destruição são insaciáveis, como
insaciáveis são os olhos do homem” (NVI), os olhos pode levar todo o corpo a
pecar (Mt 5.29; Sl 101.1-3), faça uma faxina em seus arquivos. O terceiro apelo
vem do coração: “Ah! Se eu tivesse; Se eu fosse! Se eu experimentasse! Como
gostamos de ser importante, tomar o lugar dos outros, ser aquilo que não nos
compete.
Obras Consultadas:
Dicionário Vine – CPAD
Comentário Bíblico Novo Testamento -
Mattheu Henry – CPAD
Vitoria sobre a escuridão – Neil T.
Anderson – Bom Pastor
Vitoria sobre a tentação – Bruce H.
Wilkinson- (Editor Geral) – Mundo Cristão
Colaboração para EBDnet - Pr Jair
Rodrigues
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