domingo, 16 de janeiro de 2011

LIÇÃO 3 - A IGREJA PERSEGUIDA


COMENTARISTA: Silas Daniel

TEXTO BÍBLICO At 7. 54 – 60

ENFOQUE BÍBLICO

“Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.

OBJETIVOS

Enfatizar que ser perseguido por amor a Cristo não deve provocar medo, pois é uma honra.
Reforçar que aqueles que são fieis até o fim serão galardoados no Céu por sua fidelidade.
Mostrar que cristão perseguido tem a presença do Espírito Santo sobre a sua vida, como aconteceu com Estevão, o primeiro mártir da Igreja.

INTRODUÇÃO:

Nenhum historiador conseguiu contar na integra a perseguição que a igreja sofreu durante a era sombria dos primeiros séculos. Quantos morreram como mártir? Scott afirma que durante o mês morria no Coliseu cerca de vinte a trinta mil almas, boa parte eram cristãos.

[...] “E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões; Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.” (Hb 11. 36 – 38)

A IGREJA PERSEGUIDA

No primeiro século as Era Cristã a Igreja apresenta uma história da graça divina em meio aos erros dos homens. Somente examinando a história, lendo o NT, vemos que erros se manifestaram assim que o movimento tende a se instituir. Não há como esconder as inimizades, as contendas, iras e brigas que vieram a apagar o amor nos corações de muitos crentes.

Quando os crentes começaram a abandonar as primeiras obras diminuíram a intensidade do amor, passaram a procurar aperfeiçoamento na carne. Havia os verdadeiros cristãos, aqueles que procuravam se mantiver fiel ao Deus Eterno, havia outros que não eram tão sinceros, vivia uma vida irregular diante de Deus. Assim como também havia aqueles que não eram cristãos, mas viviam entre os cristãos fingidamente disseminando discórdia.

Já vimos que no primeiro momento da Igreja os Judeus a perseguiram fazendo com que alguns fossem levados a prisão e até morto. A razão era a falta de evangelização, a falta de zelo missionário, levou Deus permitir o levante furioso de Saulo de Tarso. Naquele momento houve a morte de Estevão e se desencadeou uma terrível perseguição contra a igreja, tendo como figura principal Saulo de Tarso. Foi como jogar semente sobre a terra, por todos os lados apareceram crentes anunciando o Evangelho. Até o Saulo foi salvo e se tornou o maior missionário como já vimos na lição passada.

Em principio a igreja não sofre nenhuma perseguição direta dos imperadores romanos, já em seu inicio a perseguição se dá pelos judeus que naqueles dias estavam divididos em grupos como: fariseus, que eram os escribas, não eram nobres, mas perturbava com suas contrariedades, a outra classe era a dos saduceus, que ostentavam uma linhagem nobre e eram deles que vinham os sacerdotes, consideravam serem os principais judeus e eram inimigos dos fariseus. Quanto aos essênios a Bíblia não fala deles, mas viviam em pequenos grupos como estudantes eram escatológicos. Os judeus nunca deixaram de perturbar a igreja.

A perseguição romana se dá através de Nero, este imperador se tornou cada vez mais poderoso, procurou se libertar dos assessores e assassinou a todos os seus rivais. Matou a própria mãe, os historiadores ainda não conseguiram chegar ao consenso se por sua oposição a seu casamento com Popeia Sabina ou se devido ao apoio a Caio Rubélio Plauto ao trono. Era na verdade um homem perturbado em suas ações.
É possível que no dia 31 de julho de 64 d.C, o próprio Nero tenha incendiado a cidade de Roma. Segundo o historiador Tácito o fogo começou na região sul da cidade e se estendeu rapidamente por cinco dias. Foi devastador o efeito destruindo quatro distritos da cidade e danificando outros sete. Segundo se sabe Nero abriu os cofres do tesouro para ajudar materialmente com alimentos aos sobreviventes que perderam suas casas.

Logo surgiram os rumores que fora Nero o incendiador da cidade. Devido aos aumentos de impostos para a reurbanização da cidade e a grande construção de um novo palácio. Quando ele ficou sabendo dos rumores que seu nome estava envolvido, tratou de procurar culpados. Ainda não se sabe se sob torturas, se de fato houve confissões, o certo é que os cristãos foram declarados culpados pelo incêndio.

Tácito descreve o assunto da seguinte forma: “Contudo, nem a indústria humana, nem por larguezas do Imperador, nem por sacrifícios aos deuses, foi conseguido afastar a má fama de que o incêndio tinha sido mandado. Assim, pois, com o fim de extirpar o rumor, Nero inventou uns culpáveis, e executou com refinadissimos tormentos os que, aborrecidos pelas suas infâmias, chamava o vulgo cristãos. O autor deste nome, Cristo, foi mandado executar com o ultimo suplico pelo procurador Pôncio Pilatos durante o Império de Tibério e, reprimida a perniciosa superstição, irrompeu de novo não somente na Judéia, origem deste mal, senão pela urbe própria, aonde conflui e se celebra quanto atroz e vergonhoso houver por onde quer. Assim, começou-se por deter os que confessavam a sua fé; depois pelas indicações que estes deram, toda uma ingente multidão (multitudo ingens) ficaram convictos, não tanto do crime de incêndio, quanto de ódio ao gênero humano. A sua execução foi acompanhada por escárnios, e assim uns, cobertos de peles de animais, eram rasgados pelos dentes dos cães; outros, cravados em cruzes eram queimados ao cair o dia como se fossem luminárias noturnas. Para este espetáculo, Nero cedera os seus próprios jardins e celebrou uns jogos no circo, misturado em vestimenta de auriga entre a plebe ou guiando ele próprio o seu carro. Daí que, ainda castigando os culpáveis e merecedores dos últimos suplícios, tinham-lhes lastima, pois acreditavam que o castigo não era por utilidade publica, mas para satisfazer a crueldade dele próprio.

Uma grande perseguição contra os cristão  se desencadeia, não se sabe quantos morreram até as lideranças foram tingidas pelo plano maligno de Nero.  Segundo a Tradição, os discípulos de Jesus foram mortos das mais diversas formas sem negar a fé. Mateus foi morto a espada, na Etiópia; Marcos foi arrastado por um animal pelas ruas de Alexandria, até a morte.

Lucas foi enforcado na Grécia; João foi jogado num tacho de azeite fervente, deixado na Ilha de Patmos, saiu ileso, morreu em Éfeso de morte natural. Tiago decapitado por Herodes, em Jerusalém. Tiago o menor foi lançado templo abaixo, ainda vivo foi morto a pauladas; Filipe foi enforcado em Hierapolis, na Frigia; Bartolomeu foi esfolado; Tomé foi amarrado em uma cruz e pregou até morrer; André foi atravessado por uma lança; Judas foi morto a flechadas; Simão, o Zelote, foi crucificado na Pérsia. Matias foi apedrejado e decapitado; Pedro foi crucificado de cabeça para baixo e Paulo foi decapitado em Roma (2Tm 4.6-8).   

Após a morte de Nero, a igreja teve descanso por um período de mais ou menos trinta anos. Depois levantaram outros que também foram ferrenhos perseguidores:

Domiciano – 96 d.C. Acusou os cristãos de ateus por não adorarem ao imperador, foi uma perseguição curta, mas violenta ao extremo. Milhares morreram e João foi exilado e seu governo.
Trajano – 98 a 117 d.C. Manteve o cristianismo como religião ilegal. Neste governo não molestava os cristãos, mas quando acusados sofriam duras penas, Simão irmão de Jesus foi crucificado e  Inácio bispo de Antioquia foi levado a Roma e lançado às feras.
Adriano – 117 a 138 d.C. Foi moderado com os cristãos, mas houve muitas mortes, foi no governo do Imperador Adriano que o cristianismo atingiu marca recorde em numero de membros, riquezas e influencia na sociedade.

Antonio, o Pio 138 a 161 d.C. Também favoreceu ao cristianismo, embora entendesse que o culto fosse uma pratica ilegal, por não enaltecer os deuses do império. Houve muito martírio nesta época, vale destacar o martírio de Policarpo discípulo do Apostolo João.

Marco Aurélio – 161 a 180 d.C Estimulou  a perseguição aos cristãos, foi cruel, bárbaro, o pior depois de Nero. Muitos cristãos foram decapitados e lançados às feras, dizem que os cristãos sofriam sem demonstrar qualquer tipo de medo.
Sétimo Severo – 193 a 211 d.C. Permitiu uma pesada perseguição contra a Igreja, diariamente mártires eram queimados, crucificados ou degolados.
Maximino – 235 a 238 d.C mataram lideres cristãos.
Décio – 249 a 251 d.C. Resolveu destruir completamente o cristianismo, de modo violento procurou como se estivesse varrendo em todo o império. Multidões morreram sob as mais absurdas torturas. Chegaram a dizer que o mundo todo estava devastado.
Valério – 253 a 251 d.C. Era pior que Décio, procurou antes exterminar as lideranças da igreja.
Diocleciano 284 a 305 d.C. Neste governo se deu a ultima perseguição imperial e a mais angustiante de todas. Durante dez anos o cristianismo foi castigado de forma absurda, crentes foram caçados nas florestas, queimados, lançados às feras, realmente o Diabo estava determinado a abolir o cristianismo, usando Diocleciano.

ELES NÃO TINHAM SUAS VIDAS POR PRECIOSAS

São impressionantes os relatos que temos sobre o cristianismo nos primeiros séculos da Igreja, a morte de um representava o nascimento de dezenas de outros cristãos. Era com derrubar uma arvore cujas sementes estavam maduras, por mais que os imperadores tentassem acabar não conseguiam. A coragem com que enfrentavam a fúria de seus algozes só tinha uma razão: “O galardão que os esperava no céu”.

As conversões traziam novo comportamento abandonavam os ídolos, deuses com quais se identificavam e abandonavam os templos e altares pagãos. Enquanto estavam ligados ao sistema pagão eram piores que animais, segundo disse o filosofo Platão. O apostolo Paulo ao escrever a Epistola aos Romanos, nos primeiros capítulos, também declara a forma animalesca que os homens viviam no afã de reverenciar seus deuses. Com a mudança de comportamento eles abandonavam o sistema, com isto as fabricas decresciam e o comercio fracassava o que levava a uma reclamação infinda.

Há na Bíblia registro da revolta dos sindicatos dos ourives, diz que trouxeram cinqüenta mil peças de prata para queimar. Este resultado trouxe revolto aos ourives (At 19. 19, 24 – 29). Os imperadores também se faziam deuses não sendo adorados ficavam furiosos em seus egos. Quem se convertia passava a dizer pelo Espírito Santo que Jesus é o Senhor, alem de adorá-lo com Rei dos reis e Senhor dos senhores. 

A perseguição se intensificava cada vez mais, principalmente quando havia crescimento dentre os judeus, ao perder adeptos para o cristianismo, procuravam meios de entregá-los as autoridades do Império. Quando não, se uniam aos que assim desejassem fazer. Com estas perseguições  os crentes passaram a se reunirem em lugares secretos o que não deixou de ser problemático, pois quando descobertos eram entregues ao imperador sob suspeita de estarem projetando contra o Império.

Nada podia intimidar aqueles servos de Deus, Benjamim Scott, em seu livro “As Catacumbas de Roma”, revela que aos gritos de: “cristãos as feras”, dezenas deles eram levados ao coliseu para enfrentar leões, tigres, javalis, vacas bravas etc., eram despedaçados pelas feras. Era tanto o sangue que escravos jogavam areia para que o local das lutas não ficasse escorregadio. Enquanto vários estavam passando pelo martírio dezenas de outros estavam presos e assistindo. Mesmo assim não desistiam de Cristo.

A coragem dos crentes ia alem da razão humana, não estavam de fato olhando para este mundo ilusório. Não tinham suas vidas por preciosas, o maior desejo de cada um deles era dizer “sou cristão ou sou cristã”. Parecia ser a igreja de Esmirna (AP 2.8 -11). A história conta de Inácio, que segundo tinha sido amigo de Pedro e João, era bispo em Antioquia. Assim escreveu: “coisa alguma, quer seja visível ou invisível, desperta a minha ambição, a não ser a esperança de ganhar Cristo. Se ganhar pouco me importarei com as torturas do demônio, quer seja por meio de fogo o da cruz ou de ataque de feras.”

Quanto a Inácio, assim que soltaram os leões o povo quase enlouqueceu ficaram eufóricos, mas o velho mártir firme disse: “Sou como trigo debulhado de Cristo, que precisa ser moído pelos dentes das feras antes de se tronar em pão.” Nem mesmo crianças e adolescentes foram poupados dos cruéis castigos por professarem a fé em Cristo. Cirilo um jovenzinho de tenra idade foi ameaçado, esbofeteado, insultado por crianças de sua idade, expulso de casa pelo próprio pai. Mesmo assim a sua posição era ser Cristão, servir a Deus com alegria em seu coração.
O tema de Cirilo era: “Estou pronto a sofrer e Deus há de levar-me para o céu” ter sido expulso de casa para ele era o motivo de esperar por um lar melhor incomparável com o que ele nasceu: o céu. Assim que o governador lhe perguntou se estava arrependido de ser cristão ele pronto disse: “O vosso fogo e a vossa espada não me podem molestar: vou para um lar melhor; queimai-me depressa, para que eu chegue lá mais cedo.” Assim foi posto na estaca da fogueira e em pouco instante já estava em um lar de onde jamais será expulso, lar que ele tanto almejava.

RESUMO

A perseguição vai de Nero 64 d.C a Diocleciano 305 d.C, e ai podemos dizer que houve uma pausa, no que tange a perseguição aos cristãos. No ano 313 d.C, Constantino decretou o cristianismo como religião oficial do império. Quanto a este assunto trataremos na lição cinco.
OBRAS CONSULTADAS
  • OLIVEIRA, Raimundo Ferreira de – Historia da Igreja – 2ª Ed. EETAD, Campinas SP
  • SCOTT, Benjamim – As Catacumbas de Roma – 13ª Ed, CPAD, 1982 – RJ
  • HURLBUT, Jesse Lyman – História da Igreja Cristã – 5ª Impressão  1990 – VIDA, SP
  • E.A, Knight – História do Cristianismo – 3ª Ed – CPAD, RJ

Colaboração para EBDnet -  Pr Jair Rodrigues

2 comentários:

  1. Poxa valeu pela pesquisa, Deus te abençoe.
    Fatimo JR

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  2. Que bom que gostou Fatimo Jr! Volte sempre, estarei a sua disposição. Fique com Deus

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Que bom ver você por aqui agradeço pela visita, e volte sempre estou a sua disposição para aprendermos juntos. Fique a vontade para comentar. Um grande abraço.

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