COMENTARISTA:
Silas Daniel
TEXTO
BÍBLICO
1 Pedro 3.1417.
ENFOQUE
BÍBLICO
“Porque melhor é que
padeçais fazendo o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo mal”
(1 Pedro 3.17).
OBJETIVOS
Enfatizar a importância de
não nos rendermos às barreiras que se levantam contra a evangelização, assim
como foram os primeiros cristãos evangélicos no Brasil.
Ressaltar que a história da
evangelização do Brasil é marcada por momentos de terrível perseguição, mas
também de conquistas.
Estimular seus alunos a
serem perseverantes em fazer a vontade de Deus em todas as áreas de suas vidas.
Villegaignon e a invasão
francesa Nicolau Durant de Villegaignon (1514 1574) era vicealmirante da
marinha francesa e conseguiu o a autorização para estabelecer uma colônia no
Rio de Janeiro. Obteve o apoio financeiro de Gaspard de Coligny, que se
tornaria um importante líder dos protestantes franceses. Em 1555, Villegaignon se estabeleceu na Baía
da Guanabara, no Rio de Janeiro, fundando a França Antártica.
OBS: O almirante Coligny
morreria mais tarde em 1572 na terrível Noite de S. Bartolomeu, na qual muitos
cristãos protestantes foram mortos por ordem de Catarina de Médicis.
Villegaignon, ao ouvi falar
do Brasil, de suas riquezas e belezas, afirmava que desejava criar nesse país
um refúgio para os protestantes e que formaria uma igreja reformada semelhante
à de Genebra. Também falava de que necessitava de pessoas fiéis a Deus para
viverem na colônia, que seria situada no Brasil. Com Villegaignon, vieram
seiscentas pessoas.
O
primeiro culto e os primeiros obreiros
Villegaignon, já no Brasil,
solicitou a João Calvino de Genebra, que lhe enviasse protestantes para habitar
na Colônia. Ele estudara Com Calvino em
Paris. Respondendo ao pedido de Villegaignon, em 1557, chegou à Baía de
Guanabara uma nova comitiva constituída de trezentas pessoas, chefiada pelo
sobrinho de Villegaignon. Havia doze pastores comissionados por Calvino dentre
os quais destacavamse Pierre Richier e Guilhaume Chartier.
Em 10 de março de 1557, três
dias após a chegada dos protestantes, ocorreu o primeiro culto protestante em
terras brasileiras no Forte Coligny.
Portanto, no próximo dia 10, fará quatrocentos e cinqüenta e um anos que
em solo brasileiro, realizouse o primeiro culto. Este foi presidido por Pierre
Richier. Todos cantaram o salmo 5. O texto bíblico focalizado pelo pastor
Richier foi: “Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na Casa do
Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e
aprender no seu templo” (Sl 27.4).
Os protestantes vieram com a
finalidade de pregar o Evangelho. Combinouse que os pastores pregariam uma vez
podia; no domingo duas vezes. Com a comitiva, vieram também operários para
fortificar a Ilha. Em 21 de março, domingo, realizouse a primeira
Ceia
do Senhor em terras brasileiras.
O
fim da França Antártica
Villegaignon passou a entrar
em disputas com os protestantes acerca de sua fé, especialmente acerca da Ceia
e do batismo. Discordava da forma da realização dessas dias cerimônias como a
celebravam os reformados. O almirante passou a perseguir os cristãos. Ele
também proibiu reuniões de oração. O pastor Chartier viajou para França para
receber orientações de como preceder diante da recusa de Villegaignon em
permitir que a Ceia e o Batismo fossem realizados na forma bíblica. O pastor,
que permaneceu no Brasil, Richier foi proibido de pregar.
As disputas internas
especialmente as promovidas por Villegaignon apressaram o fim da França
Antártica.
Villegaignon que era apenas
simpatizante dos protestantes, tornouse autoritário e passou a exigir que
certas práticas bíblicas fossem realizadas conforme ele julgava conveniente,
não de acordo com os preceitos bíblicos.
O governante expulsou os
protestantes da ilha, hoje denominada Villegaignon. Isto se deu em 1557. Nesse período, os
cristãos entraram em contato com os índios. Jean de Léry publicou um livro,
relatando a sua viagem. Descreveu muitos hábitos indígenas.
Finalmente, um navio partiu
com destino à França. Problemas
ocorreram, pois a água inundou o navio, prejudicando também os alimentos.
Devido aos perigos, cinco protestantes decidiram retornar. Estes foram inicialmente, bem recebidos por
Villegaignon. Depois mandou prendêlos.
Desconfiados das intenções
dos cinco, o almirante preparou uma armadilha para eles. Villegaignon formulou
diversas questões para que os cristãos respondessem por escrito. Assim, em
1558, Jean du Bordel em
doze horas redigiu
a denominada “Confissão
da Guanabara” que continha
dezessete. artigos. A Confissão foi escrita na prisão e os
companheiros a assinaram. Eles teriam de
dar a sua vida por sua fé. Baseados no documento escrito que elaboraram foram
interrogados e condenados. “A Confissão da Guanabara” tornouse o primeiro
documento sobre os fundamentos da Fé, redigido em terras brasileiras.
OBS: Os condenados à morte
foram: Jean du Bourdel,
Matthieu Verneuil e
Pierre Bourdon. Esses três foram martirizados em 9 de fevereiro de 1558. O único que teve sua pena
suspensa foi André Lafon, pois hesitou; era o único alfaiate da colônia. Jacques
le Bailleur conseguiu fugir; mais tarde
também sofreria o martírio.
Os outros protestantes que
estavam no navio chegaram à França. O pastor Richier estava entre eles. Também
conseguiu escapar no navio. Jean de Léry
também narrou a história dos mártires publicada
por Jean Crespin, advogado protestante, que se abrigara em Genebra. Além
das disputas internas, tivemos o aspecto
externo. Os franceses foram expulsos em 1567 por Mem de Sá, auxiliado pelo seu
sobrinho Estácio de Sá.
OBS: Jacques le
Bailleur, segundo testemunhos
históricos, morreu à mão de Anchieta em 1567.
Os
holandeses no Nordeste do Brasil
Em 1580 a 1640, Portugal
estava sob o domínio espanhol. Filipe II da Espanha passou a perseguir os
cristãos. A Espanha fechou seus portos
para Holanda. Na época, a Holanda controlava o transporte e o refino do açúcar.
O conde de Nassau em 1637, tornase o governadorgeral do Brasil holandês.
Nassau promoveu a vinda de artistas e naturalistas ao Brasil. O médico Willen
Piso estudou a cura das doenças da região.
A igreja Reformada da
Holanda crescia, pois muitos cristãos perseguidos se refugiaram nela. Havia uma
preocupação em trazer para a sociedade os ensinos bíblicos. Os holandeses
obtiveram mais êxito na evangelização dos índios, pois, a população em geral
oferecia resistência a ser evangelizada por um povo, que era invasor. Já os
índios se puseram ao lado dos holandeses, na esperança de que esses os
libertariam dos portugueses.
Os holandeses possuíam visão
missionária. Compreendiam que era necessário que os índios fossem
alfabetizados.
OBS: “Os seis potiguaras (um
deles era o índio Pedro Poti) permaneceram por cinco anos nos Países Baixos.
Aprenderam a ler e a escrever e foram instruídos na religião cristã reformada.
A Companhia (das Índias Ocidentais) tinha planos definidos para esses jovens,
porque pouco depois da invasão em Pernambuco alguns deles foram enviados de
volta para o Brasil a fim de servirem de ‘línguas’ (tradutores) no contato com
seus compatriotas nas várias aldeias nordestinas” (Frans Leonard Schalkwijk.
Índios evangélicos no Brasil holandês, disponível em http://www.thirdmill.org
acesso em 04/03/2008)
Os holandeses se destacaram
na Educação. O primeiro professor evangélico dos indígenas foi o espanhol
Dionísio Biscareto, casado com a holandesa
Ana. Dionísio, mais tarde, foi ordenado pastor. Atuou na maior aldeia de
Goiânia: Itapecerica. Mais tarde, os índios foram os professores de suas
próprias s tribos. Já em princípios de 1641, havia os índios João Gonsalves e
Melchior Francisco que eram obreiros no meio dos índios. Gonsalves foi, mais
tarde, ordenado evangelista.
Os holandeses da Igreja
Reformada também desenvolveram um trabalho social entre os índios.
Especialmente cuidavam da saúde dos índios, alertando os governantes da falta
de mantimentos ou remédios. Também se preocupavam com a escravidão indígena. Em
Alagoas, ficou estabelecido que os indígenas só poderiam trabalhar nas
fazendas, se isso fosse de sua vontade e deveriam ser remunerados por seus
serviços.
Não podem ser esquecidos os
frutos do trabalho dos holandeses no Brasil. O índio Poti escreveu em uma carta
afirmando ser cristão e “crendo somente em Cristo, não desejando contaminarse
com a idolatria”. Poti foi preso em 1649, na segunda batalha de Guararapes e
embora diante de muitos sofrimentos, não negou a sua fé. Um dos líderes dos
tapuias preso no Recife teve seu nome registrado como “João pregador” Para uma
pálida idéia do trabalho dos holandeses da Igreja Reformada, observemos a
ministração do ensino. Assim perguntava João Gonsalves: ‘Qual a tua única
consolação na vida e na morte?’ “E os alunos respondiam: ‘É que de , de corpo e
alma, na vida e na morte, não pertenço a mim mesmo, mas sim ao meu fiel
Salvador Jesus Cristo’” (Índios evangélicos no Brasil holandês) Somente na
eternidade, poderemos saber os resultados de um trabalho tão importante de
evangelização, que o ensino produziu. Os
holandeses foram expulsos do Brasil; regressavase ao ensino anterior dos
jesuítas, do catolicismo dominante. Mas os esforços não foram em vão. Deus
permitia com Sua graça que as terras do Brasil receberiam de forma mercante o
Evangelho. Os planos de Deus para o Brasil seria concretizado.
Após a derrota dos
holandeses, o Brasil foi fechado para os nãocatólicos durante
150 anos.
Fidelidade até a morte marca
esse período da evangelização do Brasil
Finalmente no século 19, foi
dada certa abertura ao Evangelho. Em 1810, os estrangeiros conseguiram o
direito de terem seus locais de culto; o direito de liberdade de culto foi
estabelecido na Constituição de 1823. O proselitismo ainda era proibido.
Com a abertura aos
missionários estrangeiros, muitos deles iniciaram seus trabalhos em suas
próprias colônias, podendo, assim aprender a língua.
Com a pregação do Evangelho,
muitas igrejas foram criadas. As igrejas começavam em lares, em locais
disponíveis. Havia muito trabalho de colportagem, distribuição de folhetos e
também distribuição e venda de livros. Os cristãos eram incansáveis na
propagação do Evangelho, embora com muita perseguição e enfrentando muitas
dificuldades.
OBS: “Foi seguindo esta
estrada de ferro (Bragança) - uma distância de 400 quilômetros - que Daniel
Berg caminhou a pé, carregando as suas malas repletas de porções bíblicas.
Muitas vezes os seus pés estavam tão feridos e cheio de chagas, que ele era
obrigado a caminhar descalço. Sofrendo fome e necessidades de toda a espécie,
caminhou ele de porta em porta, evangelizando o povo e distribuindo evangelhos
e porções bíblicas” (Ivar VINGREN. O Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, p.50).
A igreja Assembléia de Deus
foi fundada em junho de 1911 pelos suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg. As vidas dos abnegados servos de Deus serão
estudadas na lição 13.
Examinemos alguns princípios
dos quais não devem ser esquecidos em relação à nossa atitude diante do “ide”
de Jesus. Assim, necessitamos:
Comungar dos sofrimentos de
Cristo
OS sofrimentos de Cristo dão chamados de comunhão ou participação.
Cristo sofreu e nós compartilhamos de seus sofrimentos, nós nos identificamos
com esse sofrimento. Foi um ato de amor e de obediência a Deus Seu sacrifício.
Cristo morreu na cruz para
nossa salvação. Isso já foi realizado. Entretanto, se somos Seus filhos
aceitamos sofrer por amor dEle:
“Porque a vós vos
foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle, como também
padecer por ele” (Fl 1.29).
OS cristãos demonstram sua
fé aos outros, quando não desistem de sofrer por causa da sua fé, dos seus
valores, das suas convicções.
Quando outros criticam nossa
fé, ridicularizamnos, nós continuamos a ser cristãos. Sofremos com Ele. O
mundo então vê percebe nossa fé e compreende que é uma fé verdadeira. Percebe
também que se prosseguimos na fé cristã, é porque vale a pena seguir a cristo.
Jesus promete estar conosco no meio das aflições. O cristão sofre, mas não se
desespera, porque o Mestre lhe concede de forças. Ele mesmo falou de Quem O
confortaria, quando fosse abandonado por Seus discípulos e nos aconselhou: “E
me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenhovos ditoisso,
para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo; eu
venci o mundo” (Jo 16. 32b,33).
Dar a vida pelo Evangelho
Cristo renunciou tudo por nós: Sua vida, sua glória.
Nós devemos estar dispostos
a servir a Cristo, entregar nossa vida para Ele, inclusive, se necessário,
morrer por Ele. Significa que devemos investir, gastar nossa vida para a
divulgação do Evangelho.
OBS: Lílian Trasher, a jovem
que aos vinte e três anos de vida, dirigiuse ao Egito e cuidou dos órfãos,
ouviu alguém dizer que estava perdendo a sua vida. A missionária que permaneceu
mais de 50 anos no Egito assim: “Você não sabe o que está perdendo. É uma
chance de fazer de novo vidas quebradas e ajudar a construir uma juventude. É o
prazer de restaurar vidas destruídas, de ajudar bebês que agonizavam, de gastar
a minha vida para Deus. Eu nunca faria outra coisa do meu tempo na terra. As
memórias são de ouro e não poderão ser tiradas” (Harold Ivan SMITH. Lílian
Trasher. A lição de amor no Jubileu de Diamante, revista A Seara, novembro de
1986).
Perseverança
No meio das dificuldades,
não podemos desistir, necessitamos de perseverança, de paciência: “Corramos com
paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1b). Uma semente lançada à
terra pode demorar a dar frutos, porém o
certo é que esses virão.
Devemos depender de Deus e
continuar semeando a Palavra.
Alguns fatos no Brasil
O Evangelho no Brasil entrou
com muita luta, perseguição e vitórias. Observemos alguns destaques a seguir:
ß A perseguição: “Muitos crentes tiveram as suas casas e tudo o que lhes pertencia completamente destruídos em muitos lugares, durante
o trabalho de
evangelização.
Alguns foram feridos à faca
e machucados com paus e outras coisas. Pernas foram quebradas e cabeças esmagadas
e muitos morreram pela tortura por que passaram, para não falar de coisas
piores, que se comentam entre os irmãos,e que sofreram muitos antes de morrer”
(Samuel Nyström. Despertamento Apostólico).
ß “Ele
(Vingren) falou de uma carta
que recebera dos missionários Otto e Adina Nelson, de Alagoas, contando que
estavam enfermos e que quase nada tinham para comer. Moravam numa
cabana de palha
e terra, em
dois quartinhos. Mas Nelson havia escrito: ‘TUDO POR JESUS’” (O Diário
do Pioneiro, p.76).
ß “Depois
de algum tempo,
surgiu uma grande
perseguição contra os
crentes, justamente em Guatipurá (Maranhão). Eles foram feridos até correr sangue e depois
levados para a prisão. As autoridades diziam: ‘Vejamos que tipo de religião têm
estes!’ O comissário sabia que era contra a Constituição do país perseguir os
crentes e prendêlos, porque a lei dá plena liberdade de religião. Mas ele
queria proválos, para ver se ficariam zangados com essa injustiça. Quando
chegaram na prisão, os crentes começaram a orar e louvar a Deus. E o povo se
reuniu para escutálos. Ali mesmo Jesus
batizou um desses
crentes com o Espírito Santo. O
comissário também tinha dito: ‘Agora veremos se Jesus vem e lhes dá pão!’ Então
um dos soldados foi e lhes trouxe pão.
Depois de sofrer tudo isto, as autoridades deixaram os crentes voltar
para suas casas, pois disseram: ‘Vocês têm uma religião que nós não temos!’” (O
Diário do Pioneiro, p.49).
CONCLUSÃO
Podemos afirmar que Deus
permitiu que muitos estrangeiros viessem ao Brasil e assim puderam lançar as
primeiras sementes em nossa terra.
Foram dados os primeiros
passos na evangelização do Brasil. Muitos deram
a sua vida por Cristo, não negando
a sua fé.
Necessitamos resgatar a
História do Evangelho
em nosso país
e também permitir que nossos alunos conheçam os
exemplos vibrantes de fé e de persistência dos pioneiros, para que estes possam
ser imitados pela geração atual.
Louvemos a Deus como hino
composto pelo pioneiro Otto Nelson, já citado: “Jesus me salvou com Seu
precioso sangue; /Jesus me comprou comSeu precioso sangue,/Com Seu poder já me
curou; /O meu pecado
já cravou na
cruz!/Jesus p’ra sempre me
salvou!”
(hino
424 da Harpa Cristã).
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Que bom ver você por aqui agradeço pela visita, e volte sempre estou a sua disposição para aprendermos juntos. Fique a vontade para comentar. Um grande abraço.