segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LIÇÃO 10 - OS PRIMEIROS PASSOS DO EVANGELHO NO BRASIL


COMENTARISTA: Silas Daniel

TEXTO BÍBLICO

1 Pedro 3.14­17.

ENFOQUE BÍBLICO

“Porque melhor é que padeçais fazendo o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo mal” (1 Pedro 3.17).

OBJETIVOS

Enfatizar a importância de não nos rendermos às barreiras que se levantam contra a evangelização, assim como foram os primeiros cristãos evangélicos no Brasil.
Ressaltar que a história da evangelização do Brasil é marcada por momentos de terrível perseguição, mas também de conquistas.
Estimular seus alunos a serem perseverantes em fazer a vontade de Deus em todas as áreas de suas vidas.

Villegaignon e a invasão francesa Nicolau Durant de Villegaignon (1514­ 1574) era vice­almirante da marinha francesa e conseguiu o a autorização para estabelecer uma colônia no Rio de Janeiro. Obteve o apoio financeiro de Gaspard de Coligny, que se tornaria um importante líder dos protestantes franceses.  Em 1555, Villegaignon se estabeleceu na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, fundando a França Antártica.

OBS: O almirante Coligny morreria mais tarde em 1572 na terrível Noite de S. Bartolomeu, na qual muitos cristãos protestantes foram mortos por ordem de Catarina de Médicis.

Villegaignon, ao ouvi falar do Brasil, de suas riquezas e belezas, afirmava que desejava criar nesse país um refúgio para os protestantes e que formaria uma igreja reformada semelhante à de Genebra. Também falava de que necessitava de pessoas fiéis a Deus para viverem na colônia, que seria situada no Brasil. Com Villegaignon, vieram seiscentas pessoas.

O primeiro culto e os primeiros obreiros

Villegaignon, já no Brasil, solicitou a João Calvino de Genebra, que lhe enviasse protestantes para habitar na Colônia.  Ele estudara Com Calvino em Paris. Respondendo ao pedido de Villegaignon, em 1557, chegou à Baía de Guanabara uma nova comitiva constituída de trezentas pessoas, chefiada pelo sobrinho de Villegaignon. Havia doze pastores comissionados por Calvino dentre os quais destacavam­se Pierre Richier e Guilhaume  Chartier.

Em 10 de março de 1557, três dias após a chegada dos protestantes, ocorreu o primeiro culto protestante em terras brasileiras no Forte Coligny.  Portanto, no próximo dia 10, fará quatrocentos e cinqüenta e um anos que em solo brasileiro, realizou­se o primeiro culto. Este foi presidido por Pierre Richier. Todos cantaram o salmo 5. O texto bíblico focalizado pelo pastor Richier foi: “Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu templo” (Sl 27.4).

Os protestantes vieram com a finalidade de pregar o Evangelho. Combinou­se que os pastores pregariam uma vez podia; no domingo duas vezes. Com a comitiva, vieram também operários para fortificar a Ilha. Em 21 de março, domingo, realizou­se a primeira

Ceia do Senhor em terras brasileiras.

O fim da França Antártica

Villegaignon passou a entrar em disputas com os protestantes acerca de sua fé, especialmente acerca da Ceia e do batismo. Discordava da forma da realização dessas dias cerimônias como a celebravam os reformados. O almirante passou a perseguir os cristãos. Ele também proibiu reuniões de oração. O pastor Chartier viajou para França para receber orientações de como preceder diante da recusa de Villegaignon em permitir que a Ceia e o Batismo fossem realizados na forma bíblica. O pastor, que permaneceu no Brasil, Richier foi proibido de pregar.

As disputas internas especialmente as promovidas por Villegaignon apressaram o fim da França Antártica.

Villegaignon que era apenas simpatizante dos protestantes, tornou­se autoritário e passou a exigir que certas práticas bíblicas fossem realizadas conforme ele julgava conveniente, não de acordo com os preceitos bíblicos.

O governante expulsou os protestantes da ilha, hoje denominada Villegaignon.  Isto se deu em 1557. Nesse período, os cristãos entraram em contato com os índios. Jean de Léry publicou um livro, relatando a sua viagem. Descreveu muitos hábitos indígenas.

Finalmente, um navio partiu com destino à França.  Problemas ocorreram, pois a água inundou o navio, prejudicando também os alimentos. Devido aos perigos, cinco protestantes decidiram retornar.  Estes foram inicialmente, bem recebidos por Villegaignon. Depois mandou prendê­los.

Desconfiados das intenções dos cinco, o almirante preparou uma armadilha para eles. Villegaignon formulou diversas questões para que os cristãos respondessem por escrito. Assim, em 1558, Jean  du Bordel  em  doze  horas  redigiu  a  denominada  “Confissão  da Guanabara”  que  continha  dezessete.  artigos.  A Confissão foi escrita na prisão e os companheiros a assinaram.  Eles teriam de dar a sua vida por sua fé. Baseados no documento escrito que elaboraram foram interrogados e condenados. “A Confissão da Guanabara” tornou­se o primeiro documento sobre os fundamentos da Fé, redigido em terras brasileiras.

OBS: Os condenados à morte foram: Jean  du  Bourdel,  Matthieu  Verneuil  e  Pierre Bourdon. Esses três foram martirizados em 9 de  fevereiro de 1558. O único que teve sua pena suspensa foi André Lafon, pois hesitou; era o único alfaiate da colônia. Jacques le  Bailleur conseguiu fugir; mais tarde também sofreria o martírio.

Os outros protestantes que estavam no navio chegaram à França. O pastor Richier estava entre eles. Também conseguiu escapar no navio.  Jean de Léry também narrou a história dos mártires publicada  por Jean Crespin,  advogado  protestante, que se abrigara em Genebra. Além das disputas internas,  tivemos o aspecto externo. Os franceses foram expulsos em 1567 por Mem de Sá, auxiliado pelo seu sobrinho Estácio de Sá.

OBS: Jacques le Bailleur,  segundo  testemunhos  históricos, morreu à mão de Anchieta em 1567.

Os holandeses no Nordeste do Brasil

Em 1580 a 1640, Portugal estava sob o domínio espanhol. Filipe II da Espanha passou a perseguir os cristãos.  A Espanha fechou seus portos para Holanda. Na época, a Holanda controlava o transporte e o refino do açúcar. O conde de Nassau em 1637, torna­se o governador­geral do Brasil holandês. Nassau promoveu a vinda de artistas e naturalistas ao Brasil. O médico Willen Piso estudou a cura das doenças da região.

A igreja Reformada da Holanda crescia, pois muitos cristãos perseguidos se refugiaram nela. Havia uma preocupação em trazer para a sociedade os ensinos bíblicos. Os holandeses obtiveram mais êxito na evangelização dos índios, pois, a população em geral oferecia resistência a ser evangelizada por um povo, que era invasor. Já os índios se puseram ao lado dos holandeses, na esperança de que esses os libertariam dos portugueses.

Os holandeses possuíam visão missionária. Compreendiam que era necessário que os índios fossem alfabetizados.

OBS: “Os seis potiguaras (um deles era o índio Pedro Poti) permaneceram por cinco anos nos Países Baixos. Aprenderam a ler e a escrever e foram instruídos na religião cristã reformada. A Companhia (das Índias Ocidentais) tinha planos definidos para esses jovens, porque pouco depois da invasão em Pernambuco alguns deles foram enviados de volta para o Brasil a fim de servirem de ‘línguas’ (tradutores) no contato com seus compatriotas nas várias aldeias nordestinas” (Frans Leonard Schalkwijk. Índios evangélicos no Brasil holandês, disponível em http://www.thirdmill.org­ acesso em 04/03/2008)

Os holandeses se destacaram na Educação. O primeiro professor evangélico dos indígenas foi o espanhol Dionísio Biscareto, casado com  a  holandesa  Ana. Dionísio, mais tarde, foi ordenado pastor. Atuou na maior aldeia de Goiânia: Itapecerica. Mais tarde, os índios foram os professores de suas próprias s tribos. Já em princípios de 1641, havia os índios João Gonsalves e Melchior Francisco que eram obreiros no meio dos índios. Gonsalves foi, mais tarde, ordenado evangelista.

Os holandeses da Igreja Reformada também desenvolveram um trabalho social entre os índios. Especialmente cuidavam da saúde dos índios, alertando os governantes da falta de mantimentos ou remédios. Também se preocupavam com a escravidão indígena. Em Alagoas, ficou estabelecido que os indígenas só poderiam trabalhar nas fazendas, se isso fosse de sua vontade e deveriam ser remunerados por seus serviços.

Não podem ser esquecidos os frutos do trabalho dos holandeses no Brasil. O índio Poti escreveu em uma carta afirmando ser cristão e “crendo somente em Cristo, não desejando contaminar­se com a idolatria”. Poti foi preso em 1649, na segunda batalha de Guararapes e embora diante de muitos sofrimentos, não negou a sua fé. Um dos líderes dos tapuias preso no Recife teve seu nome registrado como “João pregador” Para uma pálida idéia do trabalho dos holandeses da Igreja Reformada, observemos a ministração do ensino. Assim perguntava João Gonsalves: ‘Qual a tua única consolação na vida e na morte?’ “E os alunos respondiam: ‘É que de , de corpo e alma, na vida e na morte, não pertenço a mim mesmo, mas sim ao meu fiel Salvador Jesus Cristo’” (Índios evangélicos no Brasil holandês) Somente na eternidade, poderemos saber os resultados de um trabalho tão importante de evangelização, que o ensino  produziu. Os holandeses foram expulsos do Brasil; regressava­se ao ensino anterior dos jesuítas, do catolicismo dominante. Mas os esforços não foram em vão. Deus permitia com Sua graça que as terras do Brasil receberiam de forma mercante o Evangelho. Os planos de Deus para o Brasil seria concretizado.

Após a derrota dos holandeses, o Brasil foi fechado para os não­católicos  durante  150 anos.
Fidelidade até a morte marca esse período da evangelização do Brasil

Finalmente no século 19, foi dada certa abertura ao Evangelho. Em 1810, os estrangeiros conseguiram o direito de terem seus locais de culto; o direito de liberdade de culto foi estabelecido na Constituição de 1823. O proselitismo ainda era proibido.

Com a abertura aos missionários estrangeiros, muitos deles iniciaram seus trabalhos em suas próprias colônias, podendo, assim aprender a língua.

Com a pregação do Evangelho, muitas igrejas foram criadas. As igrejas começavam em lares, em locais disponíveis. Havia muito trabalho de colportagem, distribuição de folhetos e também distribuição e venda de livros. Os cristãos eram incansáveis na propagação do Evangelho, embora com muita perseguição e enfrentando muitas dificuldades.

OBS: “Foi seguindo esta estrada de ferro (Bragança) - uma distância de 400 quilômetros - que Daniel Berg caminhou a pé, carregando as suas malas repletas de porções bíblicas. Muitas vezes os seus pés estavam tão feridos e cheio de chagas, que ele era obrigado a caminhar descalço. Sofrendo fome e necessidades de toda a espécie, caminhou ele de porta em porta, evangelizando o povo e distribuindo evangelhos e porções bíblicas” (Ivar VINGREN. O Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, p.50).

A igreja Assembléia de Deus foi fundada em junho de 1911 pelos suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg.  As vidas dos abnegados servos de Deus serão estudadas na lição 13.

Examinemos alguns princípios dos quais não devem ser esquecidos em relação à nossa atitude diante do “ide” de Jesus. Assim, necessitamos:

Comungar dos sofrimentos de Cristo 

OS sofrimentos de Cristo dão chamados de comunhão ou participação. Cristo sofreu e nós compartilhamos de seus sofrimentos, nós nos identificamos com esse sofrimento. Foi um ato de amor e de obediência a Deus Seu sacrifício.

Cristo morreu na cruz para nossa salvação. Isso já foi realizado. Entretanto, se somos Seus filhos aceitamos sofrer por amor  dEle: “Porque  a vós  vos  foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle, como também padecer por ele” (Fl 1.29).

OS cristãos demonstram sua fé aos outros, quando não desistem de sofrer por causa da sua fé, dos seus valores, das suas convicções.

Quando outros criticam nossa fé, ridicularizam­nos, nós continuamos a ser cristãos. Sofremos com Ele. O mundo então vê percebe nossa fé e compreende que é uma fé verdadeira. Percebe também que se prosseguimos na fé cristã, é porque vale a pena seguir a cristo. Jesus promete estar conosco no meio das aflições. O cristão sofre, mas não se desespera, porque o Mestre lhe concede de forças. Ele mesmo falou de Quem O confortaria, quando fosse abandonado por Seus discípulos e nos aconselhou: “E me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho­vos ditoisso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”  (Jo 16. 32b,33).

Dar a vida pelo Evangelho Cristo renunciou tudo por nós: Sua vida, sua glória.

Nós devemos estar dispostos a servir a Cristo, entregar nossa vida para Ele, inclusive, se necessário, morrer por Ele. Significa que devemos investir, gastar nossa vida para a divulgação do Evangelho.

OBS: Lílian Trasher, a jovem que aos vinte e três anos de vida, dirigiu­se ao Egito e cuidou dos órfãos, ouviu alguém dizer que estava perdendo a sua vida. A missionária que permaneceu mais de 50 anos no Egito assim: “Você não sabe o que está perdendo. É uma chance de fazer de novo vidas quebradas e ajudar a construir uma juventude. É o prazer de restaurar vidas destruídas, de ajudar bebês que agonizavam, de gastar a minha vida para Deus. Eu nunca faria outra coisa do meu tempo na terra. As memórias são de ouro e não poderão ser tiradas” (Harold Ivan SMITH. Lílian Trasher. A lição de amor no Jubileu de Diamante, revista A Seara, novembro de 1986).

Perseverança

No meio das dificuldades, não podemos desistir, necessitamos de perseverança, de paciência: “Corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1b). Uma semente lançada à terra pode demorar  a dar frutos, porém o certo é que esses virão.
Devemos depender de Deus e continuar semeando a Palavra.
Alguns fatos no Brasil

O Evangelho no Brasil entrou com muita luta, perseguição e vitórias. Observemos alguns destaques a seguir:

ß A  perseguição: “Muitos crentes tiveram as suas casas e tudo o que lhes pertencia completamente destruídos em muitos lugares, durante o  trabalho  de  evangelização.

Alguns foram feridos à faca e machucados com paus e outras coisas. Pernas foram quebradas e cabeças esmagadas e muitos morreram pela tortura por que passaram, para não falar de coisas piores, que se comentam entre os irmãos,e que sofreram muitos antes de morrer” (Samuel Nyström. Despertamento Apostólico).

ß  “Ele  (Vingren)  falou  de  uma  carta  que  recebera dos missionários Otto e Adina Nelson, de Alagoas, contando que estavam enfermos e que quase  nada  tinham para comer. Moravam  numa  cabana  de  palha  e  terra,  em  dois quartinhos. Mas Nelson havia escrito: ‘TUDO POR JESUS’” (O Diário do Pioneiro, p.76).

ß  “Depois  de  algum  tempo,  surgiu  uma  grande  perseguição  contra  os  crentes, justamente em Guatipurá (Maranhão).  Eles foram feridos até correr sangue e depois levados para a prisão. As autoridades diziam: ‘Vejamos que tipo de religião têm estes!’ O comissário sabia que era contra a Constituição do país perseguir os crentes e prendê­los, porque a lei dá plena liberdade de religião. Mas ele queria prová­los, para ver se ficariam zangados com essa injustiça. Quando chegaram na prisão, os crentes começaram a orar e louvar a Deus. E o povo se reuniu para escutá­los. Ali mesmo Jesus  batizou  um  desses  crentes  com o Espírito Santo. O comissário também tinha dito: ‘Agora veremos se Jesus vem e lhes dá pão!’ Então um dos soldados foi e lhes trouxe pão.  Depois de sofrer tudo isto, as autoridades deixaram os crentes voltar para suas casas, pois disseram: ‘Vocês têm uma religião que nós não temos!’” (O Diário do Pioneiro, p.49).

CONCLUSÃO

Podemos afirmar que Deus permitiu que muitos estrangeiros viessem ao Brasil e assim puderam lançar as primeiras sementes em nossa terra.
Foram dados os primeiros passos na evangelização do Brasil. Muitos deram  a sua vida por Cristo, não negando  a sua fé.
Necessitamos resgatar a História  do  Evangelho  em  nosso  país  e  também  permitir que nossos alunos conheçam os exemplos vibrantes de fé e de persistência dos pioneiros, para que estes possam ser imitados pela geração atual.

Louvemos a Deus como hino composto pelo pioneiro Otto Nelson, já citado: “Jesus me salvou com Seu precioso sangue; /Jesus me comprou comSeu precioso sangue,/Com Seu poder  já me  curou;  /O meu  pecado    cravou  na  cruz!/Jesus  p’ra  sempre me  salvou!”
(hino 424 da Harpa Cristã).

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